terça-feira, 22 de março de 2011

Crimes Sexuais: "A necessária interdisciplinariedade para o enfrentamento à pedofilia" e "A desconstrução dos mitos sobre o tema".

Com esse título tenho levado um tema que reputo de fundamental reflexão a alguns lugares onde sou convidada a proferir palestra.
A última ocorreu no ENCONTRO REGIONAL DE CONSELHEIROS TUTELARES DE ROSÁRIO DO SUL, no dia 16 de março passado próximo, quando novamente enfrentei o tema perante uma platéia atenta.
Desta vez, dada a revelância do assunto, prometi que postaria no blog alguns dos textos que levei à palestra, bem como o vídeo 'CANTO DE CICATRIZ', o qual bastaria por si só - de tão apropriado que é.

Abaixo os vídeos, em duas partes:



Os textos que vou inserir abaixo são fruto de pesquisa que realizei durante aproximadamente seis meses durante o ano de 2007. Já não posso citar a fonte, senão seus autores. Nalguns trechos, sequer tenho a fonte, mas é certo que não saíram de minha imaginação ou impressão pessoal. Se algum autor quiser reclamar o crédito, por favor entre em contato que terei imenso prazer em render homenagem pela ajuda prestada ao meu trabalho, indicando aqui no blog a autoria do texto. Se faço aqui a postagem dos textos e referências que tenho usado nas palestras, é porque acredito que partilhar informação só pode auxiliar a detectar, e, quiçá, prevenir esse problema tão nefasto. Ei-los:

 
O ABUSADOR SEXUAL:
O abusador sexual, ou seja, aquele que se utiliza de uma criança ou adolescente para sua satisfação sexual é, antes de tudo, um doente.

À sociedade, porém, aparenta freqüentemente ser um indivíduo normal.

O abuso sexual intrafamiliar inicia-se geralmente muito cedo, quando a criança tem cerca de cinco anos, e é um ato progressivo, um misto de carinho e afagos, com ameaças – 'não conte nada à mamãe, você é a filha de que mais gosto, você é minha preferida', ou, 'não conte nada para ninguém, é um segredo nosso', ou, ainda, 'se falar para sua mãe, ela vai te castigar e botar você na rua'. Com medo e remorso, mas também com prazer, a criança vai aceitando a relação com o pai agressor. É uma situação patológica de toda a família. Progressiva, pode chegar, na adolescência, à penetração vaginal e à gravidez.

Raramente é acompanhada de violência física, ou deixa marcas evidentes. Contudo, as conseqüências para a vida social e sexual da criança são sérias.

O abusador sexual é perverso e faz parte da sua perversão enganar a todos sobre sua parte doente. Para ele, enganar é tão excitante quanto a própria prática do abuso. Pode esconder-se vestindo uma pele de cordeiro, ou uma pele de autoritário, ou uma pele de moralista, mas isto não passa de um artifício a serviço da sua perversão. Esse é o ponto central da sua perversão. Ele necessita da fantasia de poder sobre sua vítima, usa das sensações despertadas no corpo da criança ou do adolescente para subjugá-la, incentivando a decorrente culpa que surge na vítima.

O abusador pode ser agressivo, mas, na maioria das vezes, ele usa de violência silenciosa, da ameaça verbal ou apenas velada. Covarde, ele tem muito medo e sempre vai negar o abuso quando for denunciado ou descoberto.

Freqüentemente o abusador sexual de crianças e adolescentes é um pedófilo. A pedofilia é um distúrbio do desenvolvimento psicológico e social.

Aparentemente, não possuem nenhum sinal de distúrbio mental ou de conduta.
 
 
Aspectos que merecem ser destacados: A Organização Pan-Americana de Saúde e a OMS estimam que apenas 2% dos casos de abuso sexual contra crianças em que o autor é um parente próximo, chegam a ser denunciados. E estudos apontam que os casos de abuso sexual incestuoso atingem, principalmente, meninas entre 7 e 10 anos (ONU/MJ, 1998).

  • o abusador é uma pessoa comum da sociedade, de inteligência média, contrariando a crença de se tratar de um psicopata ou alguém com um passado criminoso; e pode ocorrer que este abusador foi ele próprio vítima de abuso na infância;

  • um agravante: esta violência sexual ocorre por um tempo prolongado com uma criança;

  • sendo o pai o abusador, e se tem mais de uma filha, em geral o abuso acontece com todas;

  • a palavra da criança não é acreditada, principalmente pela mãe;

  • acontece em todas as camadas sociais. Nos meios mais carentes, o abuso é favorecido pela situação sócio-econômica (moradia, lugares isolados, várias famílias morando em um só espaço, condições de higiene);

  • necessariamente, não está associado ao uso do álcool ou de drogas;

  • o abusador sendo o pai (ou padrasto), a mãe demonstra ser protetora e compreensiva em relação a ele e imatura psicologicamente. É a mãe que não vê, não escuta e não fala – questão da transmissão transgeracional da violência.

segunda-feira, 14 de março de 2011

PALESTRA PARA OS CALOUROS DA UNIPAMPA

Acabo de chegar da Escola XV de Novembro, onde proferi palestra aos novos alunos que estão ingressando na Unipampa - Campus São Gabriel.
Não sei se a platéia gostou, mas eu amei a experiência. Cada vez mais me convenço de que sou vocacionada para o magistério - mas com vocação ainda maior para as peleias do Ministério Público, fico onde estou, que as batalhas são muitas e urgentes.
Quando convidada, me solicitaram que abordasse um tema que envolvesse cidadania, ética...
No final de semana fiquei pensando e preparando o que levaria àquela juventude, recém ingressando em cursos tão ligados à temática ambiental.
Daí que decidi pelo tema, cujo post anterior já definia minhas idéias: ética ambiental.
Fui ao encontro daqueles jovens apreensiva com a novidade do tema (minhas palestras já preparadas são outras), mas não fui sozinha. Comigo levei Rubem Alves, Leonardo Boff, Fernando Pessoa e José Saramago. Levei também muita esperança na alma, e o coração repleto de sonhos.
Apresentei o vídeo "A história das coisas", e para não cansar os alunos que já haviam assistido outra palestra antes (jovens são sempre inquietos) só fiz referência aos vídeos da "Carta da Terra", indicando o blog para quem tivesse interesse em assistir.
No meu sonho, cada um daqueles jovens vai passar a ver o mundo com outros olhos.
Olhos mais solidários, mais justos, mais humanos.
É só um sonho? Talvez não.

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

(Fernando Pessoa, in Tabacaria)

domingo, 13 de março de 2011

ÉTICA AMBIENTAL

Quero compartilhar com todos os leitores do blog esse vídeo.
Simples, inteligente, toca na questão fundamental da crise ambiental no planeta: o consumo.
Se liga!





E, abaixo, a CARTA DA TERRA.
"O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença"
Saúdo o mestre Leonardo Boff, com quem aprendi que "o importante não é saber, mas nunca perder a capacidade de aprender"