“Uso de maconha por adolescente tem impactos psicológicos, biológicos, sociais e legais que levam ao comprometimento do desenvolvimento do futuro adulto”. Afirmação do especialista em dependência química Sérgio de Paula Ramos* em “Maconha e Desenvolvimento Escolar”.
O psiquiatra, que já participou de várias comissões no Ministério da Saúde e na Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul descreve os riscos da maconha:
-pesquisas mostram que o uso de maconha experimentalmente tende a levar ao uso regular; grande parte dos fumam apresentam dificuldade para interromper o uso e acabam desenvolvendo dependência;
-maconha favorece o uso de outras drogas;
-maconha prejudica memória, atenção, tempo de resposta imediata, controle motor durante o período de intoxicação que pode durar várias horas; há pesquisas que revelam efeitos da maconha prejudicando as funções cognitivas por até 7 dias após o uso ;
-pesquisas mostram que estudantes que fumam maconha tem 38% mais chance de abandonarem a escola antes de concluírem os estudos do que aqueles que não usaram;
- uso precoce de maconha aumenta as chances de adolescentes adotarem um estilo de vida não-convencional, ou seja, se desengajarem de papéis convencionais como completar educação formal, arrumar emprego, participar de práticas religiosas e esportivas;
-eliminar o uso de maconha poderia reduzir a incidência de esquizofrenia em 8%;
-pesquisas nos Estados Unidos, na Holanda e na Austrália revelam taxas 2 vezes mais altas de maconha em pessoas com esquizofrenia;
-estudo sueco com jovens de 18 a 20 anos , no Exército, constatou que os que usaram maconha mais de 50 vezes possuíam 6,7 vezes mais chances de desenvolver esquizofrenia 27 anos mais tarde;
-quanto mais cedo a exposição à maconha, mais intenso é o seu uso e , portanto, maiores as chances de episódios psicóticos ocorrerem;
-estudo realizado durante 15 anos, constatou que usar maconha na adolescência quadruplica as chances de desenvolver depressão na fase adulta (Bovasso, G.B:Cannabis abuse as a risk factor for depressive symptoms. American Journal of Psychiatry , 158 : 12, pp. 2033-37 );
-o uso de maconha aos 18 anos aumenta a probabilidade de desenvolver algum transtorno mental aos 21;
- o consumo de maconha reduz a velocidade percepto-motora, a precisão de movimentos e a exatidão , habilidades fundamentais na direção (Kurzthaler,1999). Também jovens que estão dirigindo sob influência de maconha apresentam maior probabilidade de sentirem sono, dirigirem em alta velocidade e de estarem dirigindo sem cinto de segurança (Ramaekers, 2004) achados confirmados por Blows et al (2005). No Brasil não encontramos estudos que relacionam acidentes de trânsito e uso de maconha que tenham significância estatística. Parece que o consumo de maconha ainda não é percebido como problema por nossas autoridades, deixando evidente que essa área precisa ser mais bem estudada;
-quanto maior a frequência do uso de maconha e quanto mais cedo o uso, maiores as chances de estar associado a crimes e tentativas de suicídio;
Leia mais em:
_maconha/Maconha_e_desenvolvimento_escolar.pdf
Sergio de Paula Ramos:
Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (1973), especialização em Psiquiatria pela Clínica Pinel de Porto Alegre (1975) e doutorado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (2003). Organizador e coordenador do Serviço de Alcoolismo da Clínica Pinel até 1982. Organizador e atual coordenador da Unidade de Dependência Química do Hospital Mãe de Deus. Fundador do Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre o Álcool e o Alcoolismo (GRINEAA), da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e o Alcoolismo (ABEAA) – que presidiu de 1989 a 91 – e da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e outras Drogas (ABEAD) – que presidiu de 2005 a 07. Possui larga experiência clínica na área da dependência química e, por isso, é convidado para dar supervisões em inúmeros serviços pelo pais, bem como várias conferências por ano sobre a matéria, em congressos da especialidade. Membro do Conselho Federal de Entorpecentes (1984 a 88) e de várias comissões de assessorias no Ministério da Saúde e na Secretaria da Saúde do RS.
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