domingo, 25 de julho de 2010

PERFECCIONISMO - um texto da revista Vida Simples



A mania do perfeccionismo pode atravancar sua vida. Preste atenção é você verá que boa parte dos seus sonhos só existe para satisfazer um modelo idealizado inatingível. Tirar do caminho essa casca de banana a tempo é nossa única saída.


Texto: Liane Alves



Todo publicitário sabe disso: somos basicamente movidos pela inveja. O desejo que dispara nossa vontade de consumir é o de querer ter o que outro tem, seja o carro do ano, a barriga tanquinho ou a família alegre que almoça ao redor de uma macarronada fumegante. Ora, ninguém vai invejar algo fácil de obter – porque, se é fácil, presume-se que todo mundo já tenha. Então, oferece-se o que é mais difícil de conseguir: o mais perfeito, o mais feliz, o mais bonito, amoroso, elegante ou sensual, enfim, o “mais mais” de qualquer coisa que possamos invejar. É assim que somos presos pelo anzol: não compramos apenas um produto, mas todo um modelo de beleza, status e perfeição que vem associado a ele. “Para nos aproximarmos do que é oferecido pela mídia, iremos comprar tudo ou fazer de tudo que nos dê a impressão de sermos tão perfeitos quanto o que vemos numa televisão ou numa revista. Sem parar para pensar no que estamos realmente fazendo conosco”, diz Regina Favre, psicoterapeuta, pesquisadora dos processos cognitivos e alguém muito atento ao sistema opressivo que traz dezenas de clientes ao seu consultório.

Nesse sentido, somos todos perfeccionistas, inclusive eu e você, que tateamos por uma vida mais simples e natural mas que ainda vivemos sob a influência da publicidade, da mídia e de muitos dos padrões vigentes. Como todo mundo, podemos estar ralando para cumprir modelos impostos sem perceber. E ralando muito, posto que a perfeição é mercadoria escassa nesse mundo naturalmente imperfeito. Além disso, ninguém vai nos contar que realizar o sonho de manter todas as áreas da vida sob controle é impossível, apesar de todo o esforço. Um corpo certinho não vai garantir relacionamentos plenos e amorosos, um emprego ideal ou a casa na praia não são sinônimos automáticos de felicidade. Este é o mecanismo perverso dessa história: a perfeição, mesmo quando é atingida, só nos chega aos pedaços.


Arapuca esperta


Esse desejo subliminar de perfeição alimenta toda a estrutura econômica e social da nossa cultura. Mais e melhor é o grande produto oferecido por um sistema que ao mesmo tempo que nos apavora com o medo de envelhecer, de sofrer, de ficar feio, ultrapassado ou gordo nos propõe soluções instantâneas para resolver esses “problemas”.
“É uma configuração de terror e alívio. Somos estimulados, por exemplo, a ter pavor da celulite, do olho caído, do músculo flácido, enfim, de tudo que indique a passagem do tempo, mas ao mesmo tempo nos são oferecidas academias de musculação, cremes maravilhosos, plásticas”, diz Regina Favre. “Hoje, as academias estão abertas até as 4 da manhã para que as pessoas possam frequentá-las. É uma luta desesperada para manter a forma de acordo com um determinado padrão. Procuramos por um corpo idealizado, perfeito, não um corpo sentido, vivido”, diz ela. Podemos estar nele e nem sequer percebê-lo, como se ele fosse apenas uma roupa bonita que se veste para, basicamente, mostrar para os outros.


Dentro do pacote


Segundo Regina Favre, duas doenças contemporâneas testemunham nossas reações diante desse desafio da perfeição: a síndrome do pânico e a depressão. “Se prenuncio que não vou conseguir atender ao padrão de exigências estabelecido, começo a entrar em ansiedade e, depois, em desespero, em aflição: é o pânico que chega. E se, ao contrário, dou conta do fracasso em cumprir o que é proposto idealmente pelo mercado, posso ser tomado pela depressão.”

E por que será que desejamos a perfeição de maneira tão obsessiva? “Há o mito construído por essa mesma estrutura mercadológica de que se não formos perfeitos, jovens e belos seremos excluídos. Portanto, temos medo da exclusão, da obsolescência. É esse o fantasma que nos ameaça: sermos jogados fora do mercado, seja profissional, seja sexual ou produtivo.”

E, mesmo quando atingimos as altíssimas metas de perfeição que estabelecemos para nós, o resultado pode não ser aquele que esperamos. “Atendi um jovem executivo, ótimo profissional, com competência em várias áreas, financeiramente realizado que, casado com uma mulher tão bonita quanto ele, não conseguia ter relações sexuais com ela. Exatamente porque no amor vinha embutido o que ele mais temia na vida: a possibilidade do sofrimento, da insegurança, do fracasso e do risco”, diz Regina.

Esquecemos algo fundamental: que sofrer, arriscar-se sem garantias, sentir-se inseguro e provar sentimentos de perda ou falta fazem parte da riqueza de experiências que a vida pode nos proporcionar. “Existe toda uma cultura, e uma indústria, do antissofrimento. Há uma condenação geral dos processos naturais da existência, como o envelhecer, por exemplo. Enfim, excluem-se as possibilidades que pertencem ao viver.” Evita-se ao máximo vivenciar experiências que possam trazer o imprevisível, o inseguro ou o sofrimento – como o amor e a entrega, por falar nisso.

O resultado? Ficamos cada vez mais hesitantes em experimentar verdadeiramente o sabor da vida, com suas disparidades, imprevisibilidades, erros e acertos, bobagens assumidas e não assumidas. Ao optar pelo controle que vem atrelado ao desejo de perfeição, perdemos cada vez mais o aprendizado e o encanto dos enganos que a existência pode nos oferecer.

Mas vem aí uma boa notícia: uma vigorosa contracorrente a esse tipo de pensamento já está presente há uns 30, 40 anos na sociedade. “Ela questiona e rejeita essa configuração de estilos de vida rigidamente perfeitos. Propõe um modo de viver mais respeitoso às particularidades do indivíduo e a nossa integração com a natureza. Emergem novos tipos de valores que se distanciam do modelo da perfeição e falam de novas posturas que incorporam conceitos como o desapego e a noção de impermanência, por exemplo. A sociedade de consumo não é mais o padrão ideal.”

Há igualmente uma recusa em usar um único parâmetro de beleza ou daquilo que se convenciona chamar de sucesso ou de felicidade. Essa nova atitude começa com o respeito ao próprio corpo. “Tomar conta da configuração de si é um ato político”, afirma Regina Favre. Ser responsável pela própria saúde, pelos alimentos que consumimos, pelos ritmos internos e necessidades pessoais é uma nova posição de vida, mais consciente e individualizada, e não mais só coletiva e imposta.

Ainda bem. Não deixa de ser um grande alívio constatar que fazemos parte desse outro movimento e que há uma benvinda transição em curso.


E começa a revolução


Se há uma pessoa que sempre observou, com perfurantes críticas, o que nos é proposto pela família, cultura, sociedade e também pelo mercantilismo, esse alguém é José Ângelo Gaiarsa. Psiquiatra, trouxe questionamentos profundos, expressos em vários livros, sobre nosso modo de viver, nossas escolhas e padrões de comportamento. Conhecedor da fisiologia do corpo humano, em especial do cérebro, coloca em dúvida nossa capacidade de fazer julgamentos justos sobre os parâmetros que usamos ao avaliar a perfeição. Isto é, estalamos nosso chicotinho à toa quando decidimos que não somos perfeitos e que isso é suficiente para nos condenar à desgraça. “Estamos submersos em um mundo de palavras e conceitos que não têm valor real e que só nos trazem infelicidade”, diz o doutor Gaiarsa. Para ele, a maioria dos nossos julgamentos não resiste a um simples exame de lógica: são superficiais, enganosos e altamente falhos. Em outras palavras, nossas conclusões sobre o que é ou não é perfeito não são nada confiáveis. “Não temos condição de nos julgar, ou de nos condenar, com isenção. Tenho alergia a palavras como ideias, conceitos, julgamentos que não dizem nada e só aumentam a nossa confusão. Já o corpo não mente jamais”, diz ele, que, com 90 anos, continua com o raciocínio tão rápido quanto o de um adolescente.

Segundo Gaiarsa, a grande revolução começa ao sentirmos mais o corpo, ao termos um contato mais profundo e próximo com ele. Isso significa respirar melhor, movimentar- se mais livremente e de forma não repetitiva, experimentar toda a gama de sensações que os sentidos podem nos oferecer. O sentimento de vitalidade, autonomia, autoapreciação e bem-estar experimentado na posse do próprio corpo pode nos tornar menos vulneráveis a modelos externos e a comparações.

Com esse conhecimento, abre-se o espaço para o nascimento de uma nova consciência, mais independente e autônoma. E Gaiarsa explica como e por quê. Segundo pesquisas recentes feitas por ele, os três cérebros – reptílico, límbico e cortical – que constituem nosso sistema cerebral, e que foram se formando ao longo de nossa evolução peixe-anfíbio-mamífero, se alimentam do oxigênio de forma diferente. O cérebro reptílico, como o dos próprios répteis, consome muito pouco oxigênio; o límbico, responsável por nossas emoções, também. É o neocórtex cerebral, o mais recente em termos evolucionários e também o responsável por nossa capacidade de pensar, avaliar ou julgar, que consome mais oxigênio dos três. “Isso significa que, ao respirarmos mais profundamente, o córtex se ilumina: o raciocínio torna-se claro, as conexões cerebrais se ampliam”z, afirma. É como trazer gasolina azul para nossa capacidade de pensar. E a conclusão de Gaiarsa é espantosa. “Se respiramos mal, estamos alimentando apenas nossos cérebros mais primitivos. Ficamos reféns do medo e da agressividade, reações básicas do mecanismo de sobrevivência associadas ao cérebro reptílico, e das emoções negativas geradas no límbico, como inveja, medo, competição.” Ora, são essas as emoções que nos colocam a serviço de modelos impostos pela sociedade. É por competitividade que lutamos por um suposto território, é por inveja que consumimos. E somente a consciência, formada no neocórtex cerebral, pode nos livrar disso. “Não temos ideia de como a simples respiração pode nos ajudar a nos libertarmos dessas emoções e do domínio que elas nos impõem”, diz limpidamente o pesquisador.

Juro que nunca tinha pensado nisso. Respirar melhor traz mais clareza de raciocínio: podemos ver mais nitidamente onde estamos amarrando nosso burro. E, com isso, talvez possamos enxergar melhor os esquemas furadíssimos em que às vezes nos metemos. Só por essa descoberta, o doutor Gaiarsa já merecia um beijo.


Diagnósticos por cores


Outras áreas da medicina também estão procurando sair do mundo dos conceitos e dos modelos rígidos preestabelecidos. Na Unifesp, em São Paulo, mais precisamente no Centro de Estudos do Envelhecimento, os diagnósticos, realizados por uma equipe transdisciplinar que inclui várias especialidades, são feitos por cores. Cada profissional faz sua avaliação, de acordo com sua especialidade, e a expressa usando giz de cera colorido. Depois, os participantes trocam entre si os papéis onde usaram os tons coloridos para tentar chegar a um padrão de avaliação e a um diagnóstico comum. Os significados atribuídos às cores seguem os padrões elaborados pelo escritor alemão Goethe, no século 19, e que ainda hoje são utilizados pela medicina antroposófica, por exemplo. A ideia tanto serve para ultrapassar as discussões intermináveis, onde cada um usava a linguagem específica da sua área e que não era comum a todos, como emprega um outro hemifério cerebral, o direito, para elaborar um diagnóstico.

Isso não quer dizer que o hemisfério cerebral esquerdo, responsável por lógica, comparação e raciocínio, não seja importante e não vá ser usado em etapas posteriores. É que simplesmente não está com essa bola toda que atribuímos a ele. “É uma avaliação mais completa”, afirma o médico homeopata Fernando Bignardi, responsável por esse centro de estudos e pesquisas da Unifesp.

As avaliações do paciente também incorporam o modelo quântico trazido pelo físico indiano Amit Goswami: o protocolo terapêutico vai levar em conta o homem em sua dimensão física, metabólica, vital, mental (incluindo a parte emocional e psicológica) e supramental (espiritual). Nada de modelos unidimensionais e unirreferenciais. A meditação é fortemente incentivada entre os pacientes, justamente para que possa ser facilitada a liberação de padrões rígidos de pensamento e, com isso, de comportamento. Inclusive vários estudos foram realizados sobre esses efeitos na população mais idosa. A perfeição não é mais a única meta, mas o equilíbrio, a harmonia e o bem-estar.

Sinal de que o mundo está mudando mesmo. Até em áreas anteriormente tão resistentes a outros saberes quanto a medicina.


Quando vale a pena


Depois que limpamos bem esse terreno, já é possível ver que geralmente usamos o desejo de perfeição da forma errada, por motivos fúteis, e para atender necessidades estimuladas por uma estrutura mercadológica de consumo. Mas depois de ver tudo isso, agora sim, podemos dizer que esse desejo também tem a sua utilidade. Os grandes gênios da humanidade se alimentaram dele: Michelangelo, Da Vinci, Einstein. Mas essa dedicação completa à perfeição estava a serviço da arte, da ciência e, para resumir a história, da humanidade. Eles podem ter estropiado sua vida pessoal por isso, inclusive. Também nada garante que fossem mais felizes ou realizados atendendo a esse chamado. Mas a verdade é que, em vez de procurarem unicamente sua felicidade individual, colocaram suas aptidões e talentos a serviço de algo maior, às vezes em detrimento de sua saúde, sanidade ou realização afetiva. Almejar a perfeição, portanto, pode nos levar a grandes realizações e feitos, a um aperfeiçoamento constante, até a obtenção de uma qualidade exemplar. Mas por vezes o preço é alto.

“Sede perfeitos, como o vosso Pai do céu é perfeito”, nos diz o evangelho. E onde o Criador seria perfeito? “Na generosidade”, continua o evangelista Mateus. Para mim é uma grande supresa essa segunda colocação: quase nunca ninguém lembra que tipo de perfeição nos é pedida. É um simpático motorista de táxi que me faz recordar isso quando digo a ele que estou escrevendo uma matéria sobre o tema.

Em vez de apresentar um modelo rígido e acabado de perfeição, sucesso e beleza, as palavras de Cristo propõem, ao contrário, um exercício de humanidade, naquilo que o ser humano tem de melhor: sua capacidade de amar, perdoar, ter compaixão e praticar a generosidade – inclusive consigo mesmo, no caso de erro e falta. Por isso, o desejo de perfeição não é, por si só, ruim. Não se encarado dessa maneira generosa. Nossa grande questão é, e sempre vai ser, onde vamos colocar esse desejo.

fonte: Revista Vida Simples

domingo, 11 de julho de 2010

Psiquiatra argentino apresenta o XI Mandamento: Dirás não às drogas

Hoje, aos 10 Mandamentos da Bíblia deveria ser acrescentado mais um: "Dirás não às drogas", preconiza o psiquiatra e psicanalista argentino Eduardo Kalina, conferencista desta quinta-feira, no segundo dia do Congresso Internacional Crack e outras Drogas, no Salão de Atos da UFRGS.



Radicalmente contra o uso de qualquer drogas, incluindo o cigarro, o diretor- médico do Instituto Brain Center, em Buenos Aires, defendeu a informação como uma importante forma de prevenir o uso de entorpecentes. Segundo Kalina, a educação contra as drogas deve começar ainda na infância. “Crianças de seis anos já têm condições de falar sobre drogas , por isso é preciso conversar com elas e mostrar as consequencias”.

Ele criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defendeu a liberação da maconha. “A maconha, como o cigarro, é altamente cancerígena. Temos que tratar as drogas como questão de saúde e não econômica”. Segundo ele é um erro dizer que devermos liberar a maconha para controlar o mercado e a qualidade do que é consumido. “É uma erro e demonstração de desconhecimento do vício. Temos de entender que esta é uma doença extremamente contagiosa , pois quando uma pessoa começa consumir uma drogas, sabemos que estatisticamente significa quatro novos usuários.”

Kalina usou o desenho Popeye para explicar como o usuário se sente ao consumir entorpecentes. “ Quando Popeye perde a Olívia, que é o seu amor, e começa apanhar do Brutus, o que lhe salva é um substância que dá força e coragem. No desenho é o espinafre, mas poderia ser qualquer coisa que provocasse este sintoma de onipotência, efeito de muitas drogas consumidas pela juventude”.


Segundo o psiquiatra, não existe a possibilidade de saúde e de crescimento em um ambiente em que os entorpecentes transitem livremente. "E quando chegamos ao crack, uma droga extremamente agressiva, que danifica o cérebro, especialmente na zona frontal, onde está a capacidade de pensar 'faço ou não faço', quando isso se perde, perde-se tudo. Sobra somente o instinto".

Para Eduardo Kalina, chegou a hora de mostrar à sociedade e à juventude de que o consumo de drogas tem consequências. "Por isso é importante tudo que possamos fazer agora. É uma emergência mundial".

Responsável pela recuperação do ex-jogador de futebol e hoje técnico da seleção argentina, Diego Maradona, o psiquiatra aponta o craque como um exemplo de que a recuperação é possível. "Maradona foi tratado contra a vontade, por ordem judicial. O caso dele mostra que é perfeitamente viável tratar alguém contra a vontade. Depois de vários meses internado, conseguimos algo muito importante, que foi a regeneração neuronal. Isso não ocorre sempre. Então, o melhor é não ingressar nesse ambiente de consumo de drogas" ressaltou Kalina.



Numa entrevista concedida à Zero Hora, por telefone, em 17 de abril deste ano, o psiquiatra firme na sua posição contrária a qualquer espécie de droga, incluindo o tabaco, e fala do processo de 'neanderthalização' do homo sapiens, tema que foi também abordado em sua conferência no Conicrack.

“O crack destrói o Homo sapiens”, diz médico argentino


Eduardo Kalina está preocupado com a realidade que o crack desenhou na Argentina e no Brasil.



O psiquiatra Eduardo Kalina, 71 anos, é radical ao se posicionar em relação às drogas: cobra dos pais o exemplo aos filhos e defende a abstinência total (incluindo álcool e cigarro) para os que tentam se livrar das drogas.
– O que nós chamamos de cura é quando a pessoa aprende a dizer não – ensina.
Diretor médico do Brain Center, em Buenos Aires desde 1994, Kalina está preocupado com a realidade que o crack desenhou na Argentina e no Brasil. Entende que os governos que não lutam efetivamente contra a epidemia estão permitindo um “suicídio”.

O currículo do médico é longo e retrata a experiência de uma vida inteira voltada ao tratamento e à prevenção do uso de drogas. Foi professor visitante nos Colegios Oficiales Médicos, na Espanha, no High Point Hospital, em Nova York, e no New York Hospital – Coornell University Medical College (EUA).
No Brasil, foi professor da Associação Brasileira de Psicanálise, no Rio, e das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo. Embora se recuse a falar sobre seus pacientes, Kalina é conhecido por ter tratado do jogador de futebol Diego Maradona.
Casado, pai de três filhos, o psiquiatra argentino tem vários livros publicados. Em Aos Pais de Adolescentes – Viver Sem Drogas, da editora Rosa dos Tempos, o médico usa o discurso científico como ferramenta para se aproximar de problemas cotidianos das famílias. É autor também de Drogadição Hoje – Indivíduo, Família e Sociedade, editado pela Artmed.



Confira abaixo trechos da entrevista que Kalina concedeu a Zero Hora por telefone, desde Buenos Aires:



Zero Hora – O senhor disse em entrevistas que o cérebro nunca esquece a sensação provocada pela droga, lembrando que a cura da dependência química exige uma abdicação total das drogas, incluindo o cigarro e o álcool. Não há uma cura para a dependência química?

Eduardo Kalina – A palavra cura é uma palavra que tem muitos significados. Por exemplo: uma pessoa tem um surto de apendicite. Você opera, retira o apêndice doente e aquilo curou para sempre, nunca mais vai ter apendicite porque não tem mais apêndice. Esse é um conceito de cura total, definitiva. Porém, no campo das drogas, o conceito de cura é diferente.



ZH – Como seria esse conceito?

Kalina – Não existe cura total definitiva porque o cérebro se modifica a partir da experiência com a droga, aprende uma nova linguagem, que não esquece nunca. Uma pessoa fuma 20 cigarros por dia, começa com 15 anos, quando tem 25 anos, para. Cinquenta anos depois, a pessoa tem 75 anos, passou 50 anos sem fumar, acende um cigarro e, oito, 10 segundos depois, aquela coisa que se modificou no cérebro acorda e a pessoa começa a ter necessidade de fumar. Não esqueceu nunca essa nova linguagem aprendida com a nicotina. Num futuro próximo, com a medicina genética, quando poderemos fazer modificações genéticas, provavelmente vai haver cura definitiva. Agora, o que nós chamamos de cura é quando a pessoa aprende a dizer não. Para controlar a droga, compensamos com remédios, fazendo com que o cérebro se acomode à normalidade, mas não tem garantia nenhuma. É preciso desdrogar-se. Tirar todas as drogas, porque muitas pessoas querem parar o álcool, mas seguem consumindo o tabaco. E o risco de voltar é grande.

ZH – O senhor acredita que é preciso abdicação total?

Kalina – Toda pessoa que compreende que para sair das drogas é preciso abdicar de tudo, uma parada total, incluindo álcool e tabaco, está praticamente curada. Para aquela que deseja seguir fumando e bebendo de quando em quando, o número de recaídas será muito grande.

ZH – A recuperação do crack é a mais difícil?

Kalina – Não existem duas pessoas iguais, não é possível fazer generalizações. A recuperação é difícil porque o crack provoca muitos danos, e algumas lesões são irreversíveis. Além disso, muitos usuários têm uma vida pobre, sem uma boa nutrição, não usavam muito o cérebro, então, ele estraga mais rápido. Temos um caso agora na Argentina de uma advogada, que começou a consumir já sendo uma profissional com boa posição. Ela passou mais de um ano consumindo, depois pediu ajuda e foi tratada. Eu a conheci em um programa de TV em que ela estava contando os danos que tinha sofrido. Ela conseguiu um bom nível de recuperação e agora está bem melhor porque era uma pessoa bem alimentada, com um cérebro que trabalhava, mais ativo, tinha todas as condições para sair. Muitos que começam na adolescência ou na infância não conseguem. Uma pessoa culta que tem Alzheimer demora muito mais para decair quando comparada a pessoas que não usaram muito o cérebro.



ZH – A partir de um estudo mais detalhado do cérebro é possível redimensionar a recuperação?

Kalina – Claro. Dependendo de como está lesionado o cérebro, podemos recuperar mais ou menos. Há pessoas em que estamos testando a técnica de reabilitação cognitiva. Algumas delas tiveram uma boa formação, então conseguimos muitas coisas mais rápido do que com aquele menino de rua que usa crack e fica afetado de uma forma horrível em pouco tempo.

ZH – Existe algum momento do tratamento de recuperação que é mais difícil?

Kalina – Desde a primeira etapa, quando nós temos que limpá-los, porque não conhecemos o que usaram. Não é uma substância sempre igual, preparam com um monte de porcarias. Imagine um menino de nove ou 10 anos, mal alimentado, sem escolaridade, e que começa a fumar compulsivamente. Ataca sistema respiratório, coração, artérias. Alguns deles parecem velhos. É muito difícil, é preciso medicar muito bem, ter recursos, e geralmente o governo nunca tem recursos para essas coisas.

ZH – No Rio Grande do Sul, há muitas comunidades terapêuticas independentes que colocam os usuários em atividades ligadas à agricultura, algumas delas ligadas a rituais religiosos. Elas têm algum sucesso. Como o senhor avalia esse tipo de comunidade?

Kalina – Para mim, essa é uma segunda etapa. A primeira é médica, psiquiátrica e clínica. Por exemplo, essa mulher mencionada antes (a advogada) estava com anemia, produzida pelos tóxicos. Tivemos que tratar a anemia, a hipertensão, tratamos uma série de problemas físicos e do cérebro. E, agora que ela está bem, os tratamentos sociais de recuperação, como fazendas ou comunidades, são muito importantes. Porém, é preciso primeiro um grande tratamento biológico ou ficam danos irreversíveis.



ZH – Essa segunda etapa também incluiria um atendimento psicológico, por exemplo?

Kalina – Claro. Conviver em grupo, trabalhar, tudo isso auxilia a pessoa a se ressocializar. Ao mesmo tempo, quando o paciente está muito doente, na primeira fase do tratamento, muitas vezes usamos a terapia individual para ajudar. Chamamos de “limpeza” esse período de desintoxicação. Para isso, os remédios ajudam muito. Acho um erro muito grande não tratar toda a parte biológica, que com o crack fica muito comprometida, especialmente o cérebro frontal, que é a região que permite sermos pessoas civilizadas.

ZH – O senhor poderia explicar melhor essa função do cérebro frontal?



Kalina – Quando esses meninos têm danos importantes no cérebro frontal, eles deixam de funcionar como pessoas, são como macacos. Nós tratamos com medicamentos e fazemos trabalhos cognitivos para fazer a região voltar a funcionar. Quando ela é atrofiada, a pessoa vira um gorila. Você precisa da parte frontal para pensar em Deus, ter espiritualidade, crenças, filosofia, ver o sentido da vida. Os meninos que ficam com dano nessa zona, a maioria dos que entram em crack e cocaína, viram animais. Eles matam porque gostam de um tênis que a pessoa usava. Pegam o tênis e vão embora, não importa se mataram uma pessoa que tem família, não importa nada.

ZH – O senhor está dizendo que o crack tira o sentido de civilização do homem. Ela é a droga mais devastadora nesse sentido até agora?

Kalina – Claro. O crack faz voltar o Homem de Neandertal, destroi o homo sapiens. Por isso digo: o governo que não luta contra isso está permitindo o suicídio.



ZH – O senhor tem um livro dedicado a pais de adolescentes. Que conselho daria a uma família de um jovem que convive, por exemplo, em um ambiente onde circula o crack?



Kalina – Primeiro, dar um bom exemplo. Um pai que toma um copo de vinho no jantar não está criando um filho toxicômano. Porém, um pai que está todo dia fumando e que bebe muito por qualquer explicação não pode dizer ao filho que não consuma, porque ele está consumindo. Muitas pessoas não se dão conta de que estão constantemente dando exemplo. Segundo, é importante, desde criança, ensinar o perigo que isso significa. Nos EUA, em um colégio com crianças entre sete e 12 anos, fizeram um jogo que teria como prêmio uma viagem à Disney de graça. Todos queriam participar e perguntavam: “Como é a prova?”. Disseram a eles que teriam de atravessar uma fossa com jacarés. Então ninguém quis brincar, todos responderam não, porque o jacaré devora, bate com o rabo e pode quebrar a cabeça. Então o doutor que organizou esse jogo falou: “Toda criança sabe do perigo dos jacarés. Temos de fazer o mesmo com nossos filhos, para que eles aprendam o perigo da droga”. Quando se explica à criança pequena o perigo do cigarro, ela luta para que os pais parem de fumar. Temos de fazer o mesmo com a droga, um trabalho de educação, informação e prevenção. E, além disso, controlar a presença da droga, não facilitar, não legalizar, cuidar muito, proibir a apologia à droga.

ZH – Existem algumas características recorrentes entre as pessoas que são usuárias de droga ou não se pode dizer isso?

Kalina – Sim, pode-se dizer. Quem conhece esse tema, consegue identificar aqueles que podem ir às drogas. Jovens que têm conflitos, são impulsivos ou têm uma família onde há patologia, têm muito mais facilidade de chegar às drogas. Um grupo de estudiosos americanos avaliou que se estudássemos, entre crianças e adolescentes, aqueles que têm componentes depressivos ou bipolares, seria possível prevenir muito o uso de drogas. Por isso, é preciso cuidar por fora para que a droga não chegue até a pessoa. Detectar e diagnosticar aqueles que podem usar drogas e trabalhar com eles.

ZH – Como o senhor vê o cenário brasileiro em relação ao crack?

Kalina – Em vez de esse tema ser tratado por certos profissionais, sobre ele opina Fernando Henrique Cardoso, que fala de legalizar porque o mercado controlado acabaria com o problema. Tenho o maior respeito pelo Fernando Henrique Cardoso, mas ele não tem nenhum preparo para falar sobre droga. Falam também músicos, pintores, políticos, jornalistas, e muito pouco se trabalha com profissionais da saúde. O Brasil comete os mesmos erros que a Argentina. Esse tema tem que ser tratado como uma emergência nacional.




sábado, 10 de julho de 2010

A busca do Popeye

“Quando um indivíduo droga-se, vive de forma parcial (conceito que tem muitas variáveis) ou total a ilusão de ser Popeye. A droga-espinafre não representa, é concretamente a onipotência, o que lhe permite viver uma ilusão transitória de ser outro.”




Eduardo Kalina

MAIS DO CONICRACK - a conferência do psicólogo mexicano Ricardo Sanchéz Huesca

Psicólogo mexicano aborda os fatores de risco que levam à drogadição




O psicólogo e terapeuta familiar mexicano Ricardo Sánchez Huesca foi a atração da manhã do último dia do I Congresso Internacional Crack e Outras Drogas, no Salão de Atos da UFRGS. Huesca participa do Centro de Integração Juvenil daquele país e expôs ao público os fatores de risco para o uso de drogas.

O pesquisador apresentou dados que mostram o consumo de drogas nas Américas. Depois da maconha e da anfetamina, a cocaína – incluindo-se aí o crack, é a droga mais utilizada, sendo os Estados Unidos o maior consumidor. Huesca alertou para o alto consumo de inaladores e para o preocupante aumento no uso de anfetamínicos e êxtase. Em pesquisas realizadas no Centro de Integração Juvenil, que está presente em grande parte do México, percebeu-se que o uso de cocaína e crack cresceu na última década. Um dado mais animador, segundo o médico, é o fato de que a maioria da população não usa drogas, sendo escassos os casos problemáticos. Portanto, fica mais fácil estudar os casos.

Ricardo Huesca divide os fatores que influenciam na drogadição em dois. O primeiro é o interno, composto pela vulnerabilidade dos usuários e que levaria mais facilmente ao abuso e à dependência. Já o fator externo acarretaria, principalmente, o uso experimental. Uma pesquisa mexicana ainda mostra as questões macrosociais que conduzem às drogas. Entre elas estão o lugar de residência e a classe social. Homens jovens e com razoável condição financeira seriam os maiores consumidores. Lugares turísticos e perto de pontos de tráfico formam o maior foco de drogas. As baixas condições socioeconômicas, a exclusão da comunidade – como no caso de imigrantes, e a alta densidade populacional, que ajuda os viciados a passarem despercebidos também são fatores que devem ser analisados. Huesca contestou a legalização de algumas drogas, visto que, para ele, a permissividade aumenta o consumo.

A fraca estrutura familiar, como frisa o mexicano, não pode ser tomada como causa direta do consumo de drogas. “Ninguém é culpado por ter um usuário na família”, uma vez que são muitas as causas do problema. A combinação de fatores de risco e a ausência de proteção, afirma, leva ao vício. Porém, o psicólogo não nega a influência de parentes no consumo de drogas. “O ser humano se forma através de modelos”. Por isso, o uso de entorpecentes por parte dos pais pode ser problemático. Huesca afirma que a violência doméstica tem grande parcela de culpa na drogadição.

Pesquisas científicas comprovam a necessidade de amor por parte da família para prevenir os adolescentes.

O meio escolar e as influências de amigos também são citados pelo palestrante como condições determinantes para a inserção do jovem nas drogas, visto que esses sentem necessidade de participar de um grupo. A ausência de orientação, a insatisfação com a vida, a falta de humor e as expectativas positivas em relação ao uso de entorpecentes são os problemas que levam o adolescente a esse caminho. Huesca constata: “É mais que um problema de saúde. É também um problema econômico e de estrutura social. É preciso ensinar o jovem a dizer não aos amigos e a ter auto-estima”.

Ricardo Huesca encerrou sua conferência com um alerta: “Todos buscamos a fuga do sofrimento e a felicidade, mas às vezes procuramos no lugar errado. Devemos proporcionar aos dependentes um ambiente onde todos possamos ser felizes e deixar de sofrer”.




E a Zero Hora publicou a seguinte reportagem sobre a conferência, que reproduzo abaixo:

Afeto e escola para vencer  o vício



Conferencista mexicano diz que dependente químico precisa ser acolhido e cercado de hábitos saudáveis para resistir ao tóxico. Atrair em vez de repelir. Esta é a máxima adotada pelo psicólogo e terapeuta familiar mexicano Ricardo Sánchez Huesca quando o assunto é o trato com os usuários de drogas. Durante o encerramento do 1º Congresso Internacional Crack e Outras Drogas, ontem, em Porto Alegre, Huesca apresentou fatores de risco que levam ao uso de entorpecentes.

O especialista aposta na afetividade para recuperar um dependente químico e diz que a escola pode ser um ambiente de resgate.

– Pais, professores, supervisores escolares devem ser ensinados a acolher o dependente químico, pois o viciado precisa se cercar de coisas saudáveis, se divertir para resistir ao consumo de drogas. Mas, para que isso ocorra, as famílias dos colegas, devem estar bem preparadas para lidar com a situação – diz.

Em contrapartida, o terapeuta relata que é no grupo de amigos que as crianças se espelham. Por isso, os pais precisam ficar atentos aos relacionamentos dos filhos.

Segundo o psicólogo, não é difícil estudar casos graves, pois são minoria.

– É mais do que um problema de saúde. É também um problema econômico e de estrutura social. É preciso ensinar o jovem a dizer não aos amigos e a ter autoestima – afirma.

Especialistas em combate às drogas do México, Colômbia, Argentina e Brasil dividiram experiências com os mais de mil participantes de nove Estados brasileiros durante os quatro dias do evento, que foi realizado no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
  
E o texto a seguir, também da Zero Hora:


Violência e pais drogados induzem os filhos ao vício
Crianças vítimas de maus-tratos e que presenciaram o uso de drogas são mais vulneráveis ao mal



Que os amigos influenciam na experimentação das drogas e que a atração pelo proibido é grande já se sabe. Mas uma pesquisa feita neste ano mostra que a influência do meio familiar pode ser muito mais decisiva do que se imagina na formação do viciado.

Maus exemplos dos pais podem ser determinantes para transformar alguém em dependente químico, revela um estudo coordenado pelo psicólogo clínico Ricardo Sánchez-Huesca, especializado em tratamento de drogados no México.

– Dos dependentes químicos entrevistados, 70% assistiram ou sofreram maus-tratos por parte dos pais. Entre os que não usam drogas, o percentual dos que não vivenciaram violência doméstica baixa para 20% – destaca o especialista no estudo Detecção Precoce de Fatores de Risco para o Consumo de Substâncias Ilícitas.

Huesca é um dos diretores de uma rede de centros de integração juvenil (laboratório preventivo contra drogas e crimes, do Ministério da Saúde mexicano). O trabalho coordenado por ele na Cidade do México ouviu 40 dependentes químicos e 40 pessoas que não usam drogas – todas da mesma faixa etária e da mesma região, para equilibrar a amostragem.

Metade dos entrevistados tinha parentes viciados

O estudo constata também que 50% dos usuários de drogas pesquisados relatam que seus pais ou irmãos mais velhos usavam algum tipo de entorpecente. Entre os não consumidores de drogas, o percentual dos que narram ter familiares envolvidos com uso de substâncias ilícitas é zero.

Huesca acredita que hábitos familiares de consumo de álcool e outras drogas são “sumamente relevantes” para a prevenção e tratamento de drogados – para a prevenção porque o tratamento de adultos usuários de drogas pode evitar a reprodução, por modelo comportamental, dessa conduta em seus filhos. O profissional reforça a proposta de uma maior eficácia terapêutica quando se inclui o modelo de tratamento de toda a família e não apenas do usuário de drogas.

Um terceiro eixo da pesquisa mostra que 23% dos usuários enfrentam dificuldades escolares. Sobretudo, provocadas pela conduta rebelde, o que resulta em expulsão das aulas. Entre os não usuários, apenas 5% relatam dificuldades na escola.
Nas conclusões da pesquisa, Huesca ressalta que muitos dependentes de drogas dizem que, durante a infância, foram deixados aos cuidados de diferentes pessoas. Todos encararam isso como indiferença ou abandono por parte dos pais. Qual a saída? O principal conselho de Huesca é que famílias sejam tratadas, preventivamente, para que seus filhos não se tornem viciados na idade adulta.

O estudo do mexicano será detalhado no 1º Congresso Internacional de Crack e Outras Drogas, que acontece em Porto Alegre entre os dias 7 e 9.

O encontro, que reunirá pesquisadores especializados em prevenção, tratamento e redução do uso de drogas, é promovido pela Associação do Ministério Público, com apoio da RBS.

“70% dos dependentes químicos entrevistados assistiram ou sofreram maus-tratos.”



Sánchez-Huesca, psicólogo



Confira as dicas do terapeuta Ricardo Sánchez Huesca sobre comportamento familiar X drogas



- Crianças que convivem com pais que fumam ou consomem bebidas alcoólicas tem o interesse estimulado.


O que fazer?


Dar bons exemplos de conduta e estimular que tenham momentos prazerosos. 0 adolescente precisa saber o que fazer com o tempo livre.


- Aqueles que se envolvem com amigos que utilizam alguma droga tem a possibilidade de seguir o exemplo aumentada em dez vezes.


O que fazer?


Pais devem indagar sobre o comportamento dos amigos dos filhos. Se detectar que o amigo mais próximo usa drogas, o pai deve incorporá-lo ao ambiente familiar e falar com os pais do usuário.


- Falta de conhecimento sobre o assunto


O que fazer?


É importante que os adolescentes estejam cientes das consequências que pode sofrer se usar algum tipo de entorpecente. Precisam saber que as drogas estão proibidas porque são perigosas.


- Problemas de aprendizagem


O que fazer?


Esse tipo de diagnóstico pode ser feito na primeira infância e deve ser tratado em seguida. Pesquisas mostram que isto está muito vinculado com o consumo de drogas.


- Trabalhar e estudar


O que fazer?


Quando o adolescente começa a trabalhar, começa a ganhar dinheiro. O problema está na disponibilidade financeira aliado à falta de supervisão dos pais.


O terapeuta considera ainda outros fatores de risco como perda de alguém importante da família ou do círculo de amigos, baixa auto-estima e superproteção por parte dos pais. Além disso, meninas são mais sensíveis a problemas familiares e meninos, a problemas escolares.

(fonte: clicrbs)



O SUCESSO DO CONICRACK


Terminou ontem o Congresso  Internacional Crack e Outras Drogas , depois de três dias de Conferências , Painéis , Exposições e debates.
No meu entendimento, foi um SUCESSO.  Não só pela Organização do Evento, primorosa , mas também pelo elevado nível dos conferencistas e painelistas, que muito acrescentaram ao debate, trazendo importantíssimas contribuições c esse tema tão inquietante.
Faço ressalva somente à conferência de abertura , proferida pelo Ministro Gilmar Mendes,  que prefiro classificar , sucintamente, como lamentável.
Todas como demais, no entanto, superaram minhas expectativas, de forma que o Presidente do STF logo foi esquecido  em suas palavras desencontradas .



Comovente também foi a apresentação do Projeto Vila Lobos , formado por uma orquestra adolescente, regida Pela coordenadora do Projeto, Cecília Rheingaintz Silveira. Os quarenta adolescentes fizeram o público de aproximadamente 1.200 Pessoas , que lotavam o Salão de Atos da UFRGS, aplaudir em pé a belíssima apresentação.




O Psicólogo mexicano, Dr. Huesca, que também assistia à abertura do Evento e se encontrava sentado ao meu lado, com sua sabedoria e larga experiêncai no tema vaticinou : "essa é a melhor prevenção ao uso de drogas"(em espanhol, que aqui traduzo livremente), referindo-se aos programas sociais envolvem os jovens resgatando  sua auto estima, e além disso ensinando-lhes uma profissão .


( Quem me encontrar na foto vê ao meu lado o Dr. Huesca - e ao lado dele o Dr. Lugoleos , ambos palestrantes do Conicrack , vindos do México para o evento)



O presidente da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul - AMP/RS (na foto, acima), Marcelo Dornelles, e toda a equipe que organizou o evento, estão mesmo de parabéns.
Reunir num único evento pessoas ligadas a todas as áreas envolvidas com o crack e as outras drogas, tais como prevenção, repressão e tratamento, para um debate amplo, além da exposição de modelos que estão sendo aplicados, com seus erros e acertos, em outros Estados e Países, é um passo significativo para encontrar o caminho para um ideal que foi mencionado no Congresso:"uma sociedade livre dos danos causados pelas drogas".
A epidemia do crack, e seus danos sociais, fizeram com que a sociedade clamasse por socorro. A AMP/RS, de forma pioneira, lançou a campanha 'CRACK:INGNORAR É O SEU VÍCIO?', e há um ano vem promovendo ações na busca da mobilização social e das autoridades em torno do tema. Os resultados foram mostrados num vídeo apresentado logo na abertura do evento, que inclusive mostrava o exemplo de São Gabriel, em que o PROJETO SÃO GABRIEL CONTRA O CRIME tem mostrado resultados positivos, haja vista o engajamento de toda a comunidade no Projeto.
A cidade de São Gabriel foi apresentada àquele público de aproximadamente 1.200 pessoas como um referencial de comunidade que apoia as ações de combate à criminalidade e incentivo aos projetos sociais (como o PROJETO RECOMEÇAR).
É um exemplo a ser replicado.














segunda-feira, 5 de julho de 2010

CONICRACK - Congresso terá público de nove Estados brasileiros

Com mais de 1,2 mil inscritos para acompanhar os painéis, conferências e oficinas, começa nesta quarta-feira o I Congresso Internacional Crack e outras Drogas – um debate social que se impõe. Por conta da grande demanda, a organização do evento encerrou o cadastramento do público pela internet. Entretanto, como alguns inscritos ainda não confirmaram participação, possivelmente haja disponibilidade de novas vagas no local.

Já estão confirmados participantes de 129 municípios, nove Estados brasileiros. A programação se inicia às 9h do dia 7 de julho, com a conferência do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. As atividades seguem com painéis de debates e 16 oficinas simultâneas nas áreas de prevenção, tratamento e redução de oferta.

Nos dias 8 e 9, os destaques são os conferencistas Eduardo Kalina, da Argentina, e Ricardo Sanches Huesca, do México, respectivamente, sempre às 9h. No final da tarde da quinta-feira será apresentado um case internacional com a experiência colombiana no enfrentamento às drogas. O palestrante será o representante do governo daquele país, Rúben Darío Ramírez.

O Congresso Internacional Crack e outras Drogas é uma iniciativa da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul em parceria com a UFRGS. As conferências e os painéis serão realizados no Salão de Atos da universidade, no turno da manhã. À tarde ocorrerão as oficinas de trabalho. As conclusões do encontro comporão um documento com sugestões de ações a serem adotadas pelos gestores públicos para fazer frente ao avanço da drogadição e do tráfico.

Fonte: http://www.conicrack.com.br/