quarta-feira, 21 de outubro de 2009

COMO TUDO COMEÇOU

Nada acontece por acaso.
Assim foi meu encontro com o Presidente da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, o Promotor de Justiça Marcelo Dornelles, quando eu ia com a família passar um final de semana na praia e ele voltava com alguns colegas da Comarca de Torres, onde tinha ido a trabalho, e paramos para almoçar no mesmo restaurante de beira de estrada.
Naquele meio-dia de março, quando o colega Marcelo, entusiasmado, me contou do projeto em que a AMP/RS estava envolvida, para o combate ao crack, imediatamente eu disse: "também quero para a minha Comarca!".
A partir daí germinou uma idéia e acabou nascendo o projeto 'SÃO GABRIEL CONTRA O CRIME', o qual foi elaborado pelo Assistente de Promotoria do Ministério Público, o Marconi, que num lampejo de inspiração fez esse projeto tão ambicioso.
E tão logo ficou pronto, começamos a remeter cópia do projeto a todos os segmentos da sociedade gabrielense, no intuito de angariar parceiros nessa luta.

Em 14 de maio, foi lançada, em Porto Alegre, a campanha da AMP/RS, "CRACK:IGNORAR É O SEU VÍCIO?".
Eu fui a Porto Alegre, porque queria aprender com os colegas.

Veja-se o que foi publicado no site da AMP/RS sobre o evento:

Em evento realizado no final da tarde desta quinta-feira (14), no auditório do Palácio do Ministério Público, em Porto Alegre, foi lançada a campanha Crack - Ignorar é o seu Vício?, concebida pela AMP/RS. Diante de um público formado por representantes do governo do Estado, da Assembléia Legislativa, da Câmara de Vereadores, da Procuradoria de Justiça e de outros órgãos, além de quase uma centena de pessoas, o embrião de um mutirão social foi lançado. O objetivo é despertar a consciência da comunidade em relação à realidade do tráfico de drogas e da dependência química.


(Manoel Soares, MV Bill e Marcelo Dornelles)

O panorama que envolve o crack na sociedade gaúcha, é dramático. Basta analisar os números para perceber o tamanho do problema. Em uma estimativa da Secretaria Estadual da Saúde, o número de dependentes no Estado chega a 55 mil pessoas - a Central Única das Favelas (Cufa) acredita que o universo seja de 100 mil. Somente para abastecer o vício desse grupo, são movimentados R$ 495 milhões por ano com o tráfico de 24,5 toneladas de crack, calcula a entidade.

Para fazer frente a esse inimigo tão feroz, que vicia logo no primeiro contato e leva o usuário a cometer os mais violentos crimes para conseguir mais e mais droga, não será suficiente o esforço das autoridades, disse durante o lançamento da campanha o presidente da AMP/RS, Marcelo Dornelles.

Segundo ele, é necessário despertar a consciência de que é preciso agir de forma conjunta. "Vamos usar uma fala mais direta e menos técnica. Essa droga tem conotação diferente de outras já conhecidas. Exige um enfrentamento igualmente diferenciado. Precisamos chegar às crianças, aos adolescentes, aos pais e levar essa bandeira às ruas. O crack está pontuado em todo tipo de delito. Ações isoladas não terão efeito", alertou Dornelles.

Os números apresentados pelo coordenador da Cufa na Região Sul, Manoel Soares, dimensionando os prejuízos causados pelo tráfico, impressionaram a platéia. Em depoimento gravado em vídeo, Soares também advertiu: "As pessoas estão abrindo mão de seus amores em troca da sobrevivência. Mães matam filhos perdidos para o crack. Jovens matam pais movidos pelo desespero em busca de dinheiro para comprar mais drogas. Temos de Levar informação às comunidades antes que o traficante o faça. Porque ele apresenta uma droga sedutora, e não esse crack destruidor", acrescentou Soares.

O ponto alto da programação, entretanto, foi o depoimento do rapper MV Bill, autor do documentário Falcão - Meninos do Tráfico, entre outros, e fundador da Cufa Nacional. Nascido e morador da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, ele é um dos mais empenhados ativistas nas causas sociais e no enfrentamento à drogadição. "Essa iniciativa é muito importante porque provoca a reflexão das pessoas de todas as classes sociais. Torço para que essa ação se multiplique em muitas cidades, inclusive na minha, para que possamos reduzir as perdas dessa guerra tão desigual", comentou o rapper.

(MV Bill)

Para MV Bill, é preciso andar à frente dos traficantes e antecipar a chegada de conhecimento acerca do crack ao público potencialmente exposto. Segundo ele, nem mesmo na favela a droga é conhecida efetivamente. O líder comunitário também defendeu a abertura da discussão sobre a legalização da maconha e de outras drogas, mas destacou que mais importante é "descriminalizar a educação, que é artigo de luxo e só chega para a parcela da sociedade com maior poder aquisitivo".




Ouvir MV Bill foi para mim a mais grata das surpresas. Fiquei muito impressionada com a força de suas palavras, e o profundo conhecimento que ele tem acerca do tráfico e de tudo quanto o circunda. Em seu discurso era perceptível a compaixão, a humanidade, e a justiça. Fiquei fã. Não pedi autógrafo, mas pedi pra tirar foto.

(Marcelo Dornelles, MV Bill e Ivana Battaglin)


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